segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vamos “digerir” o pré-sal

Ponto de Vista Por Ronaldo Calheiros - Diretor do JTL

No última segunda-feira, dia 7 de setembro, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva, em horário nobre entrou em nossas residências através das ondas da TV e do rádio para “dissertar” sobre os rumos da política brasileira, sobre tudo, o que ele chamou da nova independência brasileira: o pré-sal. Lula jurou de pé junto que o Brasil gozará de uma prosperidade jamais vista, além de uma independência financeira nunca imaginada. Da forma que falou, o “Grito do Ipiranga” virou fichinha perto do tal pré-sal.
O presidente jogou para a população a responsabilidade de cobrar do Congresso Nacional agilidade na votação no pacote de leis regulatórias para a exploração do pré-sal e ainda incitou o debate, pedindo que o povo entre de corpo e alma nesse projeto.
Agora vamos ao real debate que se faz necessário: será que aquele brasileiro que está morrendo a míngua, sem um teto, sem comida, ao olhar para seus filhos esfomeados, vai lembrar-se do tal pré-sal? Ora senhor presidente, vir à público conclamar essa descoberta que ainda está encoberta por uma nuvem de fumaça, é a mesma coisa que buscar uma agulha no palheiro. O povo brasileiro que o elegeu, queria era ouvir um pronunciamento de vossa senhoria dizendo que no Brasil não se morre mais de fome, ou ainda, que toda a população terá acesso a educação e a saúde de qualidade.
Senhor presidente, é prudente afirmar que o pré-sal é a nova independência do Brasil, ou seria isso parte de um grande plano de marketing político para eleger nas próximas eleições seus pares? Infelizmente para a maioria da população, o discurso de 7 de setembro pareceu uma grande jogada política.
O governo ainda irá gastar muitos reais nessa empreitada, que, diga-se de passagem, só trará algum retorno ao povo brasileiro à longo prazo, enquanto que a curtíssimo prazo milhares de pessoas continuam a sobreviver abaixo da linha da pobreza. Muitos não encontram sequer um emprego digno para custear as suas necessidades básicas, são vítimas de políticas governamentais irresponsáveis e podem morrer por inanição precocemente porque o governo prefere investir milhões de reais num pré-sal que não se pode avaliar com certeza quando haverá o retorno do capital aplicado.
Traçando um paralelo com a promulgada em 1822, a nova independência sugerida por Lula, surge novamente como algo muito distante, onde a população não irá sentir nenhuma diferença em suas mesas, nem na saúde, ou educação e segurança e tal como foi em 1822, a idéia de independência é algo fictício, evidenciando mais uma vez que as elites juntamente com classes políticas articulam-se somente para defender interesses próprios sob a falsa bandeira do bem comum.
É triste perceber que o nobre presidente quer usar o pré-sal como combustível para campanha política ao Planalto, e ter o seu nome cunhado numa obra que poderá ser considerada faraônica pelo volumoso custo de um empreendimento de retorno incerto.

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